A celebração deste Natal de 2021 nos convoca à esperança e à renovação da vida. Mesmo se temos muitos motivos de preocupação e estamos encerrando um ano que, em matéria de sofrimentos, não nos poupou, a festa do Natal, desde suas origens anteriores ao Cristianismo, por festejar o ciclo solar, é celebração da luz que vence as trevas.
Em um dos evangelhos lidos nas comunidades para preparar o Natal, o profeta João Batista anuncia Jesus como aquele que vem nos mergulhar na ventania do Espírito e no fogo. E fazer com que dentro de nós e no mundo, reacendamos o fogo da justiça amorosa, da solidariedade e do cuidado uns com os outros e com a mãe Terra e a natureza.
A celebração do Natal não é apenas simples memória de um aniversário. Deve convocar todas as pessoas humanas, cristãs ou não, religiosas ou não a um renascer da vida que seja um verdadeiro renascer. Aliás, o que significaria nascer, se não fosse para estar abertos a um constante renascer? Em cada idade física, o ser humano larga uma idade e renasce para outra.
Maria Zambrando, filósofa espanhola, ensinava que, como todo animal, o ser humano é mortal. No entanto, o que o caracteriza não é ser mortal e sim ser natal, isso é, chamado a uma permanente renovação do ser e da vida. O poeta Pablo Neruda afirmava: “Nascemos como esboço. É preciso sempre renascer. Nascemos para renascer”. Podemos dizer que renascemos cada vez que realizamos os passos que a vida exige e nos abrimos para uma nova etapa.
O sentido mais profundo da celebração do Natal é abrir nossos corações e nossas vidas para essa perspectiva de uma vida nova, tanto no plano pessoal como de nossas relações, atividades sociais e políticas.
Esse processo de renovação interior tem suas raízes no mais profundo de cada pessoa, mas toma corpo em um modo de viver comunitário. As Cebs existem para nos ajudar a viver em comunidade essa gravidez de um mundo novo e para engravidar toda a humanidade com a esperança de um mundo novo e mais amoroso. Para que esse renascimento da vida seja possível, é preciso denunciar e combater a política que serve à morte e ao desamor. Oscar Romero, mártir da caminhada libertadora, insistia que a verdadeira espiritualidade consiste em acentuar a dignidade da Política e fazer com que ela se coloque a serviço dos mais pobres e possa ser transformadora.
As Cebs se inserem na Política de base e no protagonismo dos movimentos sociais. A partir daí, ajudam o povo, principalmente as pessoas mais vulneráveis, a assumirem a consciência de sua dignidade. É esta Política de base que faz com que, nas próximas eleições, devamos ajudar os partidos mais ligados ao povo a se comprometerem com as pautas prioritárias das comunidades. Assim, para as diversas instâncias do poder legislativo e do executivo, poderemos votar em representantes das classes oprimidas e, juntos, caminhar para esse Brasil novo que esperamos e para o qual trabalhamos. Nessa esperança, feliz Natal do Cristo gerando dentro de nós uma nova esperança de um mundo novo e da renovação de cada uma e cada um de vocês.
Fonte: CEBs do Brasil
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